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Cosméticos se diversificam para atender um público cada vez maior

Basta uma checada nas prateleiras dos supermercados e lojas especializadas para perceber a diversidade de produtos oferecidos. Tem cosméticos para todos os gostos e estilos, mas entre eles, os produtos veganos vêm chamando a atenção dos consumidores. Em tempos em que a preocupação com o meio ambiente e as causas sociais estão em pauta, o estilo de vida atrai, até mesmo, aqueles que ainda não são adeptos a essa filosofia.

De acordo com um estudo especializado, o principal motivo para a alta desses cosméticos é a busca pela saúde e qualidade de vida, seja na dieta ou nos produtos usados. Mas, além disso, a preocupação com os animais e a sustentabilidade também influenciam na hora da escolha, por isso, as marcas se diversificam cada vez mais para alcançar esses segmentos emergentes.

Perfil de consumo

De acordo com o levantamento “A percepção dos consumidores brasileiros sobre cosméticos sustentáveis”, realizada pelo portal especializado Use Orgânico, que contou com uma amostra de 1.517 consumidores de todas as regiões do país, mais de 60% dos entrevistados afirmam ser simpatizantes de causas sustentáveis, como a defesa dos animais e do meio ambiente, mesmo aqueles que não se declaram vegetarianos ou veganos. E, quando se trata da escolha dos cosméticos, 48% deles revelam que os produtos com apelo natural, ou com menos aditivos químicos (26%), despertam um interesse maior em relação aos convencionais.

Além disso, 64% dos participantes acreditam que os cosméticos orgânicos têm qualidade superior, e o item de beleza ganha ainda mais valor quando possui o selo cruelty free (não testado em animais), inclusive, a presença do selo é verificada por 67% dos consumidores antes de efetuarem a compra. E o estudo ainda revela que a maioria dos participantes (82,5%) se preocupa com a qualidade dos produtos usados na pele, unhas e cabelos tanto quanto a dos alimentos ingeridos.

Maior oferta de produtos

Com um público cada vez mais exigente, é natural que as marcas se mobilizem para atender essa demanda. O panorama revela tendências de consumo que movimentam esse mercado em busca de novidades e soluções para o consumidor, especialmente para aqueles que possuem alguma restrição, como a exclusão de aditivos químicos ou derivados animais. Confira a seguir as principais classificações encontradas no mercado para distinguir entre os cosméticos oferecidos:

Cosméticos convencionais

Esses produtos ainda dominam a maioria dos itens disponíveis no mercado. A médica Maria Clara Couto afirma que muitos contam com ingredientes desenvolvidos em laboratório, ou seja, sintéticos, além de derivados de origem animal, corantes, conservantes, petrolatos, silicones, álcool e parabenos. “Ingredientes que, segundo estudos especializados, têm potencial risco à saúde, especialmente a longo prazo. Muitos deles são testados em animais e não são passíveis de certificação ambiental, mas necessitam de regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).” – explica Couto – especialista em dermatologia.

Cosméticos à base de ingredientes naturais

Por serem fabricados de modo convencional, há uma ampla difusão desses cosméticos no mercado. Eles são largamente divulgados com apelo “natural” porque possuem uma porcentagem de ingredientes naturais em sua composição ou contém uma ou outra matéria-prima dessa origem. No entanto, é preciso ficar de olhos abertos com essa categoria. De acordo com Couto, o problema está na comercialização: “Essa tendência da busca pelo natural apresenta um crescimento contínuo, por isso, esse apelo nunca esteve tão presente nos rótulos dos produtos como agora. No entanto, para atrair essa parcela de consumidores, muitos cosméticos são anunciados com essa classificação, mas não preenchem os requisitos necessários para tal” – explica a especialista.

Cosméticos naturais

Para ser considerado 100% natural, o cosmético não deve conter aditivos químicos e sintéticos, ou seja, nenhum ingrediente desenvolvido em laboratório de forma artificial, como, por exemplo, os petrolatos, parabenos, propileno, amônia, ou aqueles geneticamente modificados, como alguns corantes e fragrâncias.

Mas, de acordo com a regulamentação de agências certificadoras, como o Instituto Biodinâmico (IBD) e a Ecocert, que inspecionam várias marcas de produtos orgânicos e naturais no Brasil e no mundo, para se encaixar nessa classificação o cosmético deve conter, no mínimo, 95% de ingredientes naturais e 5% de ingredientes orgânicos ou sintéticos. Além disso, ainda há uma lista de ingredientes proibidos, que não devem ser usados na formulação dos produtos por serem perigosos para a saúde e para o meio ambiente.

foto: Pinterest

Cosméticos orgânicos

Assim como no caso dos naturais, os cosméticos orgânicos também passam pela inspeção das agências certificadoras IBD e Ecocert. A regulamentação define que a composição desses produtos deve conter, no mínimo, 95% de matérias-primas certificadas como orgânicas em relação ao total de ativos naturais utilizados na fórmula. Os 5% restantes podem ser compostos por água e outros componentes vegetais.

Couto ainda explica que, tanto na gastronomia, quanto no setor de estética, os ingredientes orgânicos seguem uma série de normas: são produzidos com base nos princípios do aperfeiçoamento dos recursos socioeconômicos e da sustentabilidade, por isso são ecologicamente corretos e desenvolvidos com ingredientes naturais, livres de agrotóxicos e outros agentes químicos. “Um produto orgânico sempre será natural, mas o mesmo não acontece na situação inversa, pois um cosmético natural, não é necessariamente orgânico. E um cosmético à base de ativos naturais também não pode ser considerado natural, a não ser que obedeça às quantidades estabelecidas e à lista de proibições das agências que regulamentam esses produtos” – afirma Couto.

Cosméticos veganos

Esses produtos não são necessariamente naturais ou orgânicos, a regra aqui é quanto aos direitos dos animais, seja na dieta ou em qualquer bem de consumo. Segundo a especialista, quem segue o estilo de vida procura abolir o uso e exploração dos bichos em qualquer atividade humana: “Por isso, os cosméticos veganos excluem da formulação todos os ingredientes de origem animal, como a cera de abelha, lanolina, carmim, entre muitos outros. Esses itens são substituídos por equivalentes naturais ou sintéticos, por isso um produto vegano nem sempre é natural”.

Vale ressaltar que todos os cosméticos dessa categoria são cruelty-free, ou seja, não realizam testes em animais. Já o contrário nem sempre acontece: “É possível que um cosmético não faça testes em nenhum bicho, receba o selo pertinente, mas, ainda assim, contenha alguma substância animal em sua composição. Portanto, apenas os produtos veganos são totalmente livres de ingredientes dessa origem” – explica Couto.

foto: Pinterest

Saúde em primeiro lugar

De acordo com o levantamento “Power Natural: vivendo intensamente, mas com saúde” realizado pelo Google, a busca pela palavra “saudável” aumentou 55% nos últimos 5 anos e, no mesmo período, a procura pelo termo “natural” cresceu 70%. Esse posicionamento dos consumidores se reflete diretamente nos hábitos e tendências de consumo, por isso, os fabricantes procuram se reinventar e tornar os produtos mais atrativos a esse público.

O estudo demonstra que pessoas estão cada vez mais preocupadas com o impacto de suas escolhas, tanto na dieta quanto em relação aos produtos de higiene e beleza, sobre a saúde. Por isso recorrem a alternativas que possam suprir suas necessidades sem causar riscos ou efeitos colaterais. Além disso, ainda há a questão ambiental, discutida amplamente nos dias de hoje e que, também, exerce grande influência na hora da escolha, quesito em que os veganos saem na frente. Mas, ultimamente é preciso mais do que isso para garantir o pódio. A estratégia das marcas é encaixar o produto em mais de uma classificação, para conquistar um público maior.

Conscientização e ativismo

Para a especialista, os consumidores, atualmente, estão em busca de um combo e os produtos que conseguem atender a essa exigência saem na frente: “Hoje em dia há uma conscientização crescente, não só sobre a saúde, como também sobre o meio ambiente e os animais. Inclusive, é inegável o aumento do interesse do público a respeito dessas questões, por isso, quando o consumidor consegue encontrar os mesmos benefícios dos ingredientes naturais em um produto vegano, que não realiza testes nem exploração animal, acaba preferindo este em detrimento do convencional. E, se o cosmético for orgânico, melhor ainda. Esses produtos são altamente benéficos à saúde, pois reduzem os riscos de processos alérgicos, devido à inexistência ou mínima concentração de ativos sintéticos na formulação, e ainda incentivam o uso sustentável” – finaliza Couto.

Fonte: Use Orgânico